terça-feira, 22 de novembro de 2011

Queimadas: Quilombo ou ninho de aviões

Queimadas: Quilombo ou ninho de aviões


A crença de que as terras de pé-de-serra de Queimadas, no município de Crateús, um dia serviram para refúgio de negros escravizados e se tornaram quilombo, é a mesma de acreditarmos na existência de ninhos de avião nas nuvens. Citar supostos fatos ou historietas de escravos ocorridos naquela região, e fazer crer na existência de tal santa chamada “Felícia”, é como que procurar chifre em cabeça de cavalo. Querer distorcer os fatos para mudar o curso da História equivale a remar contra a maré. O território de Queimadas jamais foi tido como quilombo, pois sua configuração geográfica nunca se prestaria para esconderijo de negros fujões, nem suas terras foram trabalhadas com a                                                                            utilização de mão-de-obra escrava. Isto não é apenas uma afirmação nossa. A História não registra escravidão na então Vila de Piranhas, Príncipe Imperial ou Crateús, nem em suas circunvizinhanças nos Estados do Ceará e do Piauí.
A História merece respeito. Ela não pode ser olvidada e substituída por fatos inverídicos para referendar ONGs picaretas surgidas a pretexto de defender direitos de minorias, especialmente as chamadas raciais. Tem gente inventando índio e quilombola por todo canto, abocanhando grandes extensões de terras em nome deles. Não é meia dúzia de ratos de sindicato nem um laudo fajuto produzido por uma antropóloga de aluguel,  encomendado pelo INCRA, para escamotear a verdade e inventar um quilombo em Crateús, que prevalecerão sobre a História, para que 8,5 mil hectares de terras, pertencentes a mais de cem famílias proprietárias, sejam injustamente tomados à força e distribuídos entre falsos “quilombolas” em Queimadas.
QUESTIONAMENTO
Os municípios mais próximos a Crateús, onde ficou registrada a escravidão foram Pedra Branca, Tauá, Arneiroz, Santa Quitéria e Sobral, distanciados de Queimadas entre 160 km e 270 km. De qual maneira teriam fugido os negros desses municípios e como vieram aqui aportar, se eles não tinham qualquer rumo nem conhecimento prévio da então inóspita região de Queimadas? E, se Queimadas era uma planície, por que então não fundaram um quilombo na Serra da Ibiapaba, nos Tucuns, de clima ameno, de boa água e de difícil acesso e onde estariam mais seguros?
PROCESSO ABOLUCIONISTA
O calendário da abolição dos escravos no Ceará data do ano de 1883 e, segundo o Barão de Studart, maior de nossos historiadores, a Vila de São João do Príncipe (Tauá) aboliu seus escravos a 25 de abril daquele ano. Pedra Branca libertou seus negros a 08 de julho do mesmo ano. Santa Quitéria e Sobral libertaram seus escravos no dia 02 de janeiro de 1884, havendo, na época, em Sobral, um total de 117 negros que foram alforriados. No mesmo ano de 1884, a 25 de março, deu-se a abolição de todos os escravos do Ceará, sendo Arneiroz, Jardim e Milagres os três últimos municípios a alforriarem seus negros.
A Vila de Acarape, hoje Redenção, foi o primeiro município brasileiro a abolir a escravidão e o fez a 1º de janeiro de 1883, antecipando-se em cinco anos à abolição da escravatura em todo o território nacional, com a assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Isabel, a 13 de maio de 1888. Na Vila de Acarape, hoje, Redenção, havia extensas glebas de terra para o cultivo da cana de açúcar. Lá, já existiu até uma usina de açúcar. Próximo a Redenção, a Serra de Baturité dispunha, como até hoje dispõe, de imensas glebas também apropriadas ao cultivo da cana de açúcar e de café. Esses dois municípios concentraram grande quantidade de negros cativos, mas, curiosamente, em Redenção, Baturité, Guaramiranga, Pacoti, Palmácia, Mulungu, Aratuba, Maranguape, Pacatuba, Guaiúba, Acarape, Aracoiaba, e municípios que compõem o Maciço de Baturité, em nenhum deles há história de formação de quilombos. Em todo o Ceará, não há qualquer registro de formação de Quilombos, mas, os ratos de sindicato, as ONGs picaretas e o INCRA descobriram que o filão estava aqui em Crateús, nas Queimadas, onde querem abocanhar 8,5 mil hectares de terras pertencentes a mais de uma centena de famílias, mesmo que isto possa resultar num rio de sangue e fogo naquela localidade.
CONTESTAÇÃO E CALENDÁRIO DE LIBERTAÇÃO
Tudo o que contestamos sobre a existência de um quilombo em Queimadas, tem origem na obra histórica “Datas e Fatos para a História do Ceará” – Tomo II – do Barão de Studart, publicada em 1896. Está escrito:
20 de maio (1883) – Extinção da escravidão nos municípios de Maranguape e Messejana, despendendo-se neste a quantia de 2:140$000 rs. com a libertação de 24 escravos e naquele a de 2:500$000 rs. Com a de 25.
23 de maio – Extinção da escravidão no município de Aquiraz, despendendo-se 3:740$000 com a libertação de 60 escravos.
3 de junho – Extinção da escravidão no município de Soure (Caucaia), despendendo-se 2:960$000 réis com a libertação de 53 escravos.
8 de julho – Extinção da escravidão no município de Pedra Branca.
27 de setembro – Extinção da escravidão no município de Pereiro, com 164 cartas de liberdade.
29 de setembro – Extinção da escravidão no município da Viçosa.
4 de outubro – Redenção da Vila de Canindé sendo libertados todos os escravos do município.
11 de outubro – Extinção da escravidão do município de S. Pedro de Ibiapina.
22 de outubro – Extinção da escravidão do município de Várzea Alegre.
8 de dezembro – Extinção da escravidão do município de Pentecoste.
27 de dezembro – Extinção da escravidão do município de São Matheus.
31 de dezembro – Extinção da escravidão dos municípios de Trairi, Jaguaribe – mirim e Brejo Seco.
2 de janeiro (1884) Extinção da escravidão do município de Santa Quitéria.
2 de janeiro – Extinção da escravidão do município de Sobral. Desde 19 de dezembro do ano anterior achava-se a cidade livre de escravos com a alforria dos existentes em n.º de 117.
2 de janeiro – Extinção da escravidão nos municípios de  Aracati, e União.
8 de janeiro – Extinção da escravidão nos municípios de Lavras e Cachoeira.
18 de janeiro – Extinção da escravidão nos municípios de Acaraú e São Bernardo das Russas.
20 de março – Extinção da escravidão no município de Missão Velha.
25 de março – Essa notável data comemora a total extinção dos escravos na província do Ceará.

COMENTÁRIO
Ao todo, apenas 25 municípios do Ceará, inclusive Fortaleza, se serviram da mão-de-obra escrava. Sobre Crateús, a História não faz qualquer referência e não registra a presença do elemento servil no município. Note-se que, até julho de 1880, as terras que formavam a então Vila Príncipe Imperial pertenciam ao Estado do Piauí, permutadas que foram pelas terras que hoje formam o município de Luiz Correia naquele Estado. À época da escravidão, o município ainda estava se organizando e seu nome anterior era Marvão, e compreendia as terras da freguesia de Pelo Sinal (Independência e Novo Oriente).
Mas, a região de Queimadas, onde existem centenárias propriedades rurais e não existiram escravos, os senhores das terras são considerados intrusos pelo INCRA. Aquelas terras, imaginem, estão passando por um processo de “DESENTRUSÃO” por parte daquele organismo.

RASTROS DA ESCRAVIDÃO
Rastros da escravidão no Ceará podem ser encontrados, ainda frescos, na Serra de Baturité, onde, imponentes, se mostram os casarões de senhores de escravos, do Século XIX, um deles no Sítio Bagaço, hoje, de propriedade da família de Edson Queiroz. No Sítio Álvaro, de Tasso Jereissati, no Sítio Labirinto e outros mais. Quem se habilita a inventar um quilombo nessas belas e ociosas propriedades?

EM CRATEÚS
Michele Gomes, filha e sucessora do falecido sindicalista Nenen Lourenço, que partiu sem ter a noção do incêndio que ajudou a preparar para os conterrâneos habitantes de Queimadas, ao ser entrevistada por uma repórter correspondente do Diário do Nordeste, edição de 16/9/2010, sem possuir a noção do que estaria falando, declarou: “É este o nosso sonho, ter as ‘nossas’ terras ‘resgatadas’ para nela plantarmos e vivermos. Queremos somente os ‘nossos direitos’ e iremos em frente até conseguir a titulação das terras que eram dos nossos descendentes”. “É um direito deles (‘os proprietários intrusos’) se defenderem, mas a antropóloga veio, conheceu, pesquisou e viu que aqui existiu a mão-de-obra escrava”. Michele Gomes não distingue ascendente de descendente, mas acredita piamente que a antropóloga produziu um laudo verdadeiro encomendado pelo INCRA; que a santa Felícia merece um altar e a devoção de todos; que é bisneta de escravos; que são verdadeiras as histórias contadas pelos seus avós sobre os escravos de Queimadas. Só não sabe, porque também não sabemos nós, nem sabem os nonagenários de Crateús, o nome de apenas um senhor de escravo deste município e de uma única propriedade que tenha servido de eito para os cativos nele trabalharem. Ela não sabe. Nós também não sabemos, porque nunca existiram. Porém, que importa saber ou não saber, se ela acredita na verdade que lhe foi passada e, igual ao seu pai, se declarou quilombola com todos os seus “direitos” legalizados? Mas, a antropóloga esqueceu-se de pesquisar a história ainda viva e contida em notas do 1º Cartório, cuja existência é anterior ao município de Crateús. É lá onde se encontra a verdade que desmarcara a farsa quilombola que veio se instalar em Crateús.

UMA NOVIDADE
A última novidade inventada nessa área é a criação de uma tarifa social para dar energia elétrica de graça a índios e quilombolas. Ela se soma aos descontos de até 60% já dados a 18,5 milhões de famílias de baixa renda. É o racismo iluminado, pelo qual, índio e negro não vão mais pagar a conta de luz. Podem gastar até 50 quilowats por mês, na base da gratuidade. Se passar disso, pagam a diferença com um grande desconto. Tudo está bem regulado numa recente resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica. Para obter o benefício, basta o sujeito se declarar afro-descendente – a maneira charmosa de chamar o negro. Por aí pode-se avaliar o tamanho da fatura, que, como não existe almoço grátis, vai para o cidadão, que trabalha e paga os impostos mais escorchantes do mundo, pagar.

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